sexta-feira, 3 de junho de 2011

A História dos Primos Ratos

Era uma vez um rato que vivia no campo, onde era muito feliz. Tinha um primo rato que vivia na cidade, dentro dos esgotos.
O rato do campo alimentava-se de frutas, raízes e sementes. O da cidade comia restos de comida que ia buscar aos caixotes do lixo.
Um dia o rato da cidade foi ao campo visitar o primo, e ao despedir-se disse-lhe assim: "-Ó primo, porque é que não vais para a cidade? Está-se lá tão bem, e tu aqui na floresta, sózinho, sem divertimentos, estás pior. Vá, vem comigo para a cidade, que isto aqui é uma pasmaceira!".
O primo respondeu-lhe que ia pensar, e despediram-se.
Passados alguns dias o rato do campo disse assim para ele próprio: "-Ó meu rico campo, vou ter que te deixar!" Fez as malas e partiu para a cidade escondido na bagageira de um carro.
Quando lá chegou foi ter com o primo aos esgotos. O primo ficou muito contente ao vê-lo. Alimentavam-se com porcarias e restos de comida.
"-Ai meu rico campo, tenho tantas saudades tuas e da minha casinha!", pensava o rato do campo a todo o momento.
O primo dizia-lhe assim: "-Temos tanta comida, há tanto barulho e movimento aqui na cidade. Isto é muito mais divertido que no campo.".
E todos os dias o rato do campo sofria mais e mais.
Até que um dia se encheu de coragem e disse ao primo: "-Eu tenho que voltar para o meu campo. Lá estou muito melhor e sou muito mais feliz!".
O rato do campo fez as malas e voltou para casa.

O Principezinho e as Três Laranjas

Era uma vez um principezinho que ia a passear a cavalo. Trotava por um descampado e estava cheiinho de calor. Sentia muita sede e queria beber água. Mas só o poderia fazer quando chegasse ao castelo. Quando ia pela estrada fora, encontrou uma velha, que trazia um cesto na mão com 3 laranjas. A velha perguntou-lhe assim: - Queres as minhas laranjas? O príncipe perguntou-lhe se davam para tirar a sede, ao que ela respondeu que sim. Só que tinha que ter água com ele, pois cada laranja tinha lá dentro uma princesa e, quando as abrisse, tinha que lhes dar imediatamente água para elas beberem, porque senão morreriam. O príncipe agradeceu e continuou a galopar, pensando que a velha não sabia o que dizia, e que as laranjas não deviam ter lá dentro nenhumas princesas. Então, cheio de sede, parou o cavalo e abriu uma das laranjas. Qual não foi o seu espanto que saiu de lá uma princesa, com uns belos olhos azuis, um vestido amarelo e os cabelos ruivos. Calçava uns sapatos cor-de-rosa. E ela, mal saiu de dentro da laranja, pediu água ao príncipe. Ele respondeu-lhe que não tinha, que teria de esperar mais um pouco. Então, para seu espanto, ela morreu mesmo! O príncipe recomeçou a galopar e pensou que só devia haver uma princesa, a que estava naquela laranja. Passado algum tempo, cada vez mais cheio de sede, abriu outra. E lá dentro havia outra princesa, com os olhos castanhos, cabelo preto, um vestido rodado castanho e uns sapatos côr-de-laranja. Então a princesa pediu água ao príncipe, dizendo-lhe que se não bebesse morreria logo. E foi o que aconteceu! O príncipe continuou a galopar e foi dizendo que, apesar de cada vez mais cheio de sede, só ia abrir a última laranja quando chegasse ao castelo. Quando lá chegou, deu água ao cavalo e bebeu ele próprio. Então, abriu a última laranja, e para seu espanto saiu dela uma princesa com o cabelo louro, uns grandes olhos verdes, um vestido todo branco e sapatos cor-de-mel. Ela pediu-lhe: - Dá-me água, senão eu morro. Ele deu-lha logo, e disse-lhe que ia buscar um vestido, porque o que trazia era muito feio. Entretanto apareceu uma bruxa à princesa, e disse-lhe: - Estás tão despenteada! Vou-te escovar o cabelo. Quando o fazia, espetou-lhe a cabeça com um alfinete, e a princesa transformou-se numa pomba toda branca. Então a bruxa sentou-se no lugar da princesa. Quando o príncipe voltou, com um belo vestido na mão, estranhou que a princesa tivesse ficado de repente tão feia. E entregou-lhe o vestido para se mudar. Deram então os dois um grande passeio pelo castelo. Mais tarde ele deixou-a, e veio cá para fora, aonde encontrou uma pombinha branca, que lhe veio pousar no braço. Ele começou a fazer-lhe festas, reparando então que tinha uma coisa dura na cabeça. Retirando-a, viu que era um alfinete. Imediatamente a pomba se transformou na princesa. Entraram no castelo e o príncipe ordenou que matassem a bruxa. Mas a princesa pediu-lhe para não fazer isso, antes que a deixassem algures, muito longe do castelo.

As Três Árvores

Havia, numa cidade, três pequenas árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes.
A primeira, olhando as estrelas, disse:
- Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. Para tal, até me disponho a ser cortada.
A segunda olhou para o riacho e suspirou:
- Eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas.
A terceira árvore olhou o vale e disse:
- Quero ficar no alto da montanha e crescer tanto, tanto, que as pessoas, ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em DEUS.
Muitos anos se passaram e certo dia vieram três lenhadores e cortaram as três árvores, todas ansiosas em serem transformadas naquilo que sonhavam.
Mas os lenhadores não costumavam ouvir e nem entender sonhos... Mas que pena...!
A primeira árvore acabou sendo transformada num coxo de animais, coberto de feno.
A segunda virou um simples barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias.
E a terceira, mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em grossas vigas e colocada de lado num depósito.
E todas as três se perguntavam:
- Porque nos aconteceu isto?
Mas, numa certa noite, cheia de luz e de estrelas, com mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu neném recém-nascido naquele coxo de animais.
E, de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo.

A segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que adormeceu no barco. Mas quando a tempestade quase o afundou, o homem levantou-se e disse ao mar revolto: "SOSSEGA.
.."
E num relance, a segunda árvore entendeu que estava carregando o Rei dos Céus e da Terra.
Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando as suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela, pois fora condenado à morte mesmo sendo inocente.
Logo, logo, sentiu-se horrível e cruel, mas no Domingo, o mundo vibrou de alegria e a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um homem para salvação da humanidade, e que as pessoas se lembrariam de DEUS e de seu filho JESUS CRISTO ao olharem para ela.
As árvores tinham sonhos, mas as suas realizações foram mil vezes melhores e mais sábias do que haviam imaginado.
Portanto, por mais que não entendam o porquê das coisas, ou pareça estar tudo errado, lembrem-se que ALGUÉM sabe o que faz.

A Pulga e o Elefante

Era uma vez uma pulga que saltava e saltava e voltava a saltar para ver mais alto, lá para o outro lado do mundo.
De tanto saltar, foi parar, sem querer, à cabeça de um elefante que por ali passava calmamente com os seus amigos e família.
Quando se viu pousada na cabeça do elefante pensou:
- Agora já não tenho necessidade de andar para aqui aos saltos, saltinhos e saltões, porque daqui de cima vejo tudo até ao longe, como se estivesse numa montanha.
Assim pensou, assim o fez. Chamou logo a sua famelga pulguenta e lá foram instalar-se no "cucuruto" do paquiderme com grandes vivas de felicidade e alegria.
Ora o elefante senhorio começou a sentir uma coisa estranha no andar de cima. Uma sensação incómoda de último andar ocupado por vizinhança desconhecida e em festa agitada. Para escutar e sentir melhor, volta não volta parava, controlando as suas enormes orelhas, e punha-se à escuta para captar o que se passava.
O pulguedo em festança lá estava, observando do alto a paisagem, tomando chá e biscoitos de pulga, em festa de arromba, aliviados de tanto salto ter dado.
A pulga rainha, que lhes tinha indicado aquele miradouro, tinha um chapéu enorme, espécie de corôa, para se distinguir das outras pulgas. Uma espécie de campeã dos saltos. De repente, uma ventania muito forte veio sem avisar e o chapéu saltou-lhe da cabeça real e foi voando, voando pelo ar fora, e só parou dentro do olho do elefante, numa altura em que ele, muito paradinho, tentava, de olhos esbugalhados e muito concentrado, perceber a origem e o porquê daquela algazarra. O nosso elefante, com o chapéu enfiado no olho, deitava abundantes lágrimas, como aquela poeira que nos entra pela vista sem avisar e nos deixa a chorar, como um rio deslizando pela cara abaixo.Então a pulga do chapéu resolveu aventurar-se para recuperar a sua preciosidade real.
Desceu até à grande orelha do elefante e segredou-lhe:
- Senhor elefante, senhor elefante, sou eu, a vizinha do andar de cima, está-me a ouvir?
Sim, como é que uns super ouvidos como aqueles, não haviam de ouvir? Aquele som, junto aos tímpanos, parecia-se com o ressoar de trovões dentro de uma panela!
O elefante, com o olho a deitar lágrimas, eriçou a tromba e como uma trompete, lá perguntou aflito:
- Quem é que está aí aos berros?
- Sou eu, a sua vizinha pulga. Posso ajudar a parar essa dor que o faz chorar!
-Como?- Perguntou o elefante a desfazer-se em água pela tromba abaixo.
- Posso ir aí ao lado e tirar esse mal do seu olho. Logo ficará melhor!
O elefante, que não sabia o que era uma pulga, ao princípio desconfiou se aquilo não era a voz de algum fantasma, ou o truque do seu primo com a mania de ser ventríloquo. Mas como a dor não saía, nem com a esfregadela da tromba, lá se resignou dizendo:
- Está bem ó Dona Pulga. Não sei se você existe, mas se existe ajude-me, pois parece que me entrou um porco espinho para o olho.
- Não é um porco espinho. É o meu belo chapéu em forma de coroa que me voou da cabeça.Com um salto bem treinado, a pulga rainha chegou-se perto do olho do paciente e zás, tirou-lhe o chapéu, o que provocou um alto som de alívio do elefante, agora agradecido e olhando para a pulga com melhor visibilidade.
- Você é que é uma pulga? Que raio de bicharoco mais pequeno e saltitão! Bem, mas muito obrigado por me ter aliviado desta dor de olho chorão. E já agora onde vive?
- Eu? Bem, se não ficar zangado comigo vou-lhe contar. Estava eu aos saltos no chão, aqui perto, quando um salto mais campeão me levou ao cimo da sua linda, linda e espaçosa cabecinha, ainda por cima com uns abaniques que dão fresquinho e lindos como asas ao vento. Quando estava lá no seu alto, a vista era magnífica e, com um assobio especial de pulga, convidei os meus amigos e famelga pulguenta a subirem, de salto ou pela tromba acima, assim acontecendo. Foi a visão mais bonita que tivemos todos até agora, fartos de andar sempre aos saltos de terra em terra, de cão em cão, de gato em gato. Como pode sentir daqui, lá estão todos ainda numa grande festa, com uns senhores da montanha, deliciados com a vista no horizonte.O elefante, ainda com um olhar espantado, ia ouvindo a história daquele bichinho chamado pulga e quase não acreditava na ocupação do seu espaço superior entre as orelhas. Mas como tinha uma dívida de gratidão pelo alívio da vista, lá compreendeu, decidindo apresentar a pulga à sua família maravilhosa e restantes amigos da manada, sempre unida, com boa memória, como todos os elefantes, grandes de corpo e dóceis de coração.
A pulga, por sua vez, prometeu apresentar todo o seu povo pulguento e, com aquele assobio especial, chamou a sua gente, formando-se logo uma grande fila, numa confraternização com os paquidermes, trocando amizades e experiências de saltos e jactos de água saídos das trombas, entre risos e conversas de animais pequenos e animais enormes.
Enfim, o tamanho não tem grande importância. Foi tudo uma questão do elefante saber da existência da pulga, embora a pulga já conhecesse o elefante, e agora muito melhor, depois daquele ponto alto.
E assim ficaram amigos. Os elefantes deram-lhes autorização para viverem no alto de toda a manada.
Neste momento fazem festa todos as semanas. Convidam os elefantes para dançar. Ainda tentaram que estes dessem alguns saltos, mas nada feito, pesadões como são! Dão grandes passeios pelas florestas, sempre em festa e com belas paisagens, num nunca mais acabar.
Um dia ainda passam por aqui. Estejam atentos ao assobio especial da nossa amiga pulga, rainha e campeã de saltos...!

O Pequeno Alfaiate

Em Vila Tranquila as pessoas andavam muito preocupadas por causa de um gigante que tinha o mau hábito de se sentar em cima das casas,deixando-as em fanicos.
Nessa cidade também vivia Luis, um pequeno alfaiate. Estava ele numa luminosa manhã de Verão, sentado no seu banco junto da janela aberta, cosendo fatos atarefadamente. De repente, a sua atenção foi desviada do trabalho pela voz de uma vendedora que, na rua, apregoava compotas.
- Como me apetece comer um pouco de compota! disse o alfaiate, chamando de seguida a vendedora.
- Quero esta, decidiu o alfaiate.
Cortando uma fatia de pão, espalhou nesta a compota e voltou ao trabalho.
O aroma da compota encheu o quarto e saindo pela janela aberta, atraiu um enxame de moscas, que pousaram na fatia de pão.
O alfaiate não as podendo ver a comer a sua compota, pegou num mata-moscas  e começou a bater-lhes. Depois contou-as e verificou que tinha abatido sete moscas.
- Isto é de coragem, disse o alfaiate rindo. - Sete de um só golpe.
Alguém que vinha a passar ouviu isto e foi contar ao Rei, dizendo que numa casa de Vila Tranquila vivia alguém que tinha abatido sete gigantes de um só golpe.

Interessadíssimo, o Rei mandou chamá-lo e disse-lhe:
- Matás-te sete gigantes, se matares este que se anda a sentar em cima das nossas casas, serás o nosso herói.
- Que dizeis, Magestade?
- Que mataste sete gigantes. Se nos livrares deste poderás casar com a princesa minha filha.
O alfaiate ainda se quis explicar, mas os soldados levaram-no para fora do palácio.
Nessa noite, escondido no matagal, viu o gigante.Como era seu hábito ele encostou-se a uma casa. Os habitantes fugiram esbarofidos! E logo adormeceu profundamente, ressonando altíssimo, tão alto que fazia estremecer todo o chão à volta.
O alfaiate aproximou-se para o ver melhor, e de repente foi aspirado pelo gigante. Que susto!!!
Mas este continuou a dormir. Então Luis teve uma idéia: coser a língua do seu inimigo, utilizando uma agulha e fio que trazia consigo.
- Porque é que não podes falar, gigante? Se te deixares atar eu posso fazer com que fales.
O gigante aceitou a combinação, e o alfaiate atou-o, mas não lhe soltou a língua.
- Terás que fazer ainda outra coisa, gigante, exigiu Luis.
E mandou-o assoprar o moinho do rio, que moia a produção de cerais de Vila Tranquíla.
E tal como o rei havia prometido, o pequeno alfaiate casou com a princesa e foram muito felizes.
Porém nunca mais deixou de usar um cinto com estas palavras: «SETE DE UM SÓ GOLPE»